domingo, 31 de janeiro de 2010

A "COCAÍNA" EVANGÉLICA

Por: Edson Moura


Às vezes eu penso que seria melhor deixar o “barco rolar”...deixar tudo como está, afinal de contas, se as pessoas estão felizes dessa maneira, ouvindo seus pastores falando de coisas que as deixam eufóricas, e com mais vontade de Deus, que mal há?
Só que existe um detalhe:

Quando não se fala de relacionamento, amor ao próximo, caridade (diferente de filantropia).
Quando não é ensinado que, o ser cristão, não é necessariamente um requisito para a felicidade e nunca mais sofrer.
Quando não é dito que, mesmo “servindo” a Deus, poderá vir e certamente virão os “dias maus” como disse Paulo...
Então eu volto para o chão e vejo que muitos cristãos hoje, estão totalmente despreparados para sofrer...condição essa, que nos aproxima mais uns dos outros.

Riquesa...nos afasta das pessoas.
Classe social...nos afasta.
Cor...nos afasta.
Nível intelectual...também nos afasta.

O sofrimento não, ele nos faz ver que somos iguais. “A dor dói com a mesma intensidade em toda carne”.

Volto então a escrever contra a perniciosa “teologia da prosperidade” onde estão embutidos os seguintes pensamentos:
-Achar que crente não fica doente.
-Que ungido de Deus não é tocado.
-Que pobreza é sinônimo de provação.
(Quando muitas vezes é só falta de capacitação profissional).
Esses são apenas alguns dos sofismas criados por pregadores avivalistas da atualidade.

Tema esse muito bem abordado no livro:
“A arte dos sofistas na pregação pentecostal” de Esdras Gregório,
um jovem autor autodidata e membro da Assembléia de Deus de Campinas.

O Esdras expõe de forma contundente o comportamento, tanto do pregador, quanto do ouvinte ingênuo desses profissionais do púlpito.
O livro é uma “pérola” para todos que também não coadunam com o mercantilismo que se tornou a pregação do Evangelho no Brasil. (A editora é Jeová Nissi Rio de Janeiro ano 2008)

Trechos do Livro:

Desde que a pregação seja “bíblica”, o pregador acha que pode ser, sem ser “anti-biblico”, “extra-biblico” à vontade e fazer as conjecturas mais inimagináveis, acreditando que isso se justifica, porque parte de um texto das Escrituras sem adulteração.
Para isso os sermões sobre passagens do antigo testamento, caem como luvas, pois a possibilidade de usá-lo de forma arbitrária, por causa da sua natural ambigüidade, favorece que ele diga um monte de coisas, apoiando-se em um texto bíblico.

Neste caso a imaginação predomina e a bíblia se torna a fonte de sermões bonitos que nos encantam, e não manancial de Vida e Conduta.
Toda pregação pentecostal avivalista parte de um pressuposto, o qual é um problema ou uma necessidade, e oferece uma solução, como se o Evangelho fosse uma panacéia para as tristezas e as dificuldades dos homens, e não o perdão e a cruz de Cristo, outorgada e imposta sobre Seus discípulos.
A pregação se torna uma promessa sobre determinadas condições:
Realizar sonhos, resolver problemas e garantir vitórias.
Pelo ínfimo preço de:
Dar alguns “Glórias a Deus”, e “Aleluias” (Pág. 96)
No entanto, se as pregações modernas em vez de nos preparar para o mundo real, com todas as suas dores e desilusões, tem-nos dado, analgésicos e narcóticos.
Ou é porque os pregadores não aprenderam ainda o que é carregar a cruz de Cristo e ser peregrino errante nessa terra, ou porque são médicos e farmacêuticos, que vivem das nossas doenças! (Pág.111)
Basta ler os sermões dos heróis da fé protestante para perceber o quanto são vagas as pregações pentecostais modernas.
A mensagem avivalista é “tão boa” e tão ruim quanto ler, de uma só vez, uma caixinha de versículos de promessas.
Ela diz tudo e não diz nada ao mesmo tempo, porque é composta de verdades fora de ocasião, desvinculadas de um preceito maior e manipuladas para causar reações.
Tais verdades não produzem, na mesma medida em que são prometidas e determinadas, as bênçãos idealistas e “transcendentais”, em uma realidade “fatalista”, demasiadamente comum e trivial das vítimas dessas pregações, que latem, latem, mas não mordem. (Pág. 123)

Como vocês viram nesses pequenos trechos do livro, ele retrata uma realidade que muitos evangélicos já não conseguem mais ver (Boa parte deles na verdade não querem ver), pois o sofisma criado pela elegância da pregação “conferencista” passa a ser a verdade absoluta na vida da alma oprimida pelas agruras da vida.

Agradeço ao Esdras pela permissão me dada para usar partes de sua obra neste meu artigo.
(Quem quiser conhecer um pouco mais sobre esse jovem autor, visite o blog

Que Deus continue nos unindo!

Um comentário:

  1. Excelente!! Só DEUS prá limpar toda essa sujeira espiritual. Bom prá refletirmos no que diz a palavra de Deus em tessalonicenses "Nos últimos dias, muitos apostatarão da fé...", bem creio que já estamos vivendo este versículo. abraço!

    ResponderExcluir