segunda-feira, 12 de julho de 2010

Quatro maldições na igreja de hoje


Alan Brizotti


"Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós. Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração" (Malaquias 2. 1, 2).

Na igreja da atualidade parece existir somente maldição financeira. É como se toda a atenção do inferno fosse canalizada para o nosso bolso. Outras áreas são simplesmente preteridas. Na teologia monetária dos agentes bancários de deus, maldição é sinônimo de pobreza. O livro de Malaquias, por exemplo, só é lembrado em questões de dízimos e ofertas, e sempre para enfatizar o "fato" de que se você doar até o último centavo de sua violentada carteira, deus (é minúsculo mesmo!) vai encher sua casa de grana!

Esses investidores da bolsa de valores da fé esquecem do texto acima! Principalmente da promessa que poucos percebem: "... amaldiçoarei as vossas bênçãos". Pense por um momento: se Deus amaldiçoar as bênçãos, então tudo é maldito! Isso é muito sério! A bênção de um falso profeta é uma maldição completa! Deus não tem compromisso com todo esse charlatanismo religioso dos vendedores de promessas.

Resolvi pensar um pouco mais sobre quatro maldições que assolam a igreja da atualidade, e que Deus nos guarde desse mal (João 17. 15):

A maldição da politicagem: isso é visto como bênção, naquelas frases do tipo: "temos que ter um irmão para nos representar"; "fulano é um grande homem que Deus levantou na política", e por aí vai... Uma pergunta: você comeria uma maçã que estivesse dentro de um saco de lixo, mesmo sabendo que ela é limpa? O cristão, na política, é uma maçã no meio do lixão. É uma pérola no meio dos porcos. Acredito que um ou outro homem ou mulher de Deus possa ser levantado como uma espécie de estadista, gente séria que ame a Deus e trabalhe pelo reino, contudo, são "agulhas no palheiro", e não servem como desculpa para que qualquer um, de quatro em quatro anos, venha encher nossos púlpitos de hipocrisia, mentiras e ilusões.

A maldição do imediatismo: gente que confunde Deus com uma máquina qualquer respondendo a comandos e senhas divinas. Gente que não consegue mais andar no abençoado caminho da paciência, principalmente porque não passa por lutas e tribulações, que segundo a Bíblia, produzem-na (Rm. 5. 3). O imediatismo é o grande vício da igreja de hoje. Essa espiritualidade drogada não suporta um dia normal, um culto sem carnavalizações folclóricas e pirotécnicas, muito menos a bendita espera. São filhos mimados de uma divindade exibicionista. Quando aprendemos a esperar no Senhor, trabalhamos a glória da dependência e abrimos mão de sermos controlados pela sociedade da pressa.

A maldição do analfabetismo bíblico: pastores e pregadores que adulteram textos bíblicos ao sabor de suas neuroses. Gente que faz aplicações levianas dos textos bíblicos. O efeito colateral dessa doença hermenêutica é o surgimento de tanta teologia destruidora: teologia da confissão positiva, da prosperidade, do profetismo visionário das "mães dinás de deus", dos milagreiros da religiosidade de mídia e massa. Essas Meduzas teológicas são heranças malditas do nanismo bíblico. Para curar essa anomalia só há um jeito: dedicação à Palavra, sem reservas! E isso, sim, é possível!

A maldição da hereditariedade obrigatória dos cargos: que existem filhos de pastores com chamado divino não posso negar, contudo o que vejo é um percentual alarmante de aproveitadores e malandros, que usam o ministério como saída para sua falta de talento na vida. Gente que, se não fosse o pai ser alguém, não seria absolutamente nada! Gente que faz do púlpito sua empresa, da igreja seu curral, e da fé sua "galinha dos ovos de ouro". Esse nepotismo eclesiástico atropela a verdade do evangelho. Quantos homens de Deus são deixados de lado porque o "filho do dono" herdou o trono!

Que Deus nos ajude a permanecer igreja, lutando contra essas demonizações travestidas de bênçãos que invadem o arraial dos santos. Deus dará um basta em tudo isso! A Obra é Dele! Ele amaldiçoará as bênçãos dos falsos cristos que se amontoam como praga infestando a "lavoura de Deus" (I Co.3:9).

sábado, 10 de julho de 2010

UM EVANGELHO VIRTUAL E A MENTIRA REAL


“Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.

Assim como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gálatas 1.8,9)

A advertência de Paulo aos crentes da Galácia nunca se torna obsoleta. Se houve necessidade de alertar a Igreja sobre os desvios doutrinários naquela época, hoje muito mais. Paulo havia trabalhado entre os gálatas, pregando-lhes o evangelho da graça.  Foi um trabalho profícuo.

Depois que Paulo se ausentou da Galácia, cristãos judaizantes infiltraram-se na igreja e transtornaram a paz e a doutrina ali ensinada. Um dos alvos desses judeus era levar os gálatas de volta às práticas da lei do Antigo Testamento.

Paulo, inconformado com tal atitude, vociferou contra ela, exortando a Igreja para que permanecesse firme na graça do evangelho.
As circunstâncias atuais são mais alarmantes ainda.

Não há apenas o perigo de algum grupo judaizante propondo a guarda do sábado, outros promovendo as festas judaicas do Antigo Testamento, além de uma infinidade de distorções sobre a Bíblia, a pessoa de Cristo e a salvação.

Há até aqueles que denominam as pessoas envolvidas com a música cristã como levitas, algo que não reflete uma interpretação adequada deste termo.

A mídia, no seu todo, explora com sucesso o fascínio constante do ser humano pelo místico ou sobrenatural. E sabemos que ela não tem discernimento espiritual e nem compromisso com a verdade da Palavra de Deus.

Além de tudo isso, existe sempre uma propaganda religiosa, digamos, até proselitista, de ensinos contrários ao cristianismo bíblico. Muitos até batem à porta de nossas casas, tentando nos convencer.


Devemos ser educados, porém firmes em não aceitar suas ofertas literárias ou material de divulgação, repelindo seus ensinos. O melhor a fazer é sempre consultar A PALAVRA DE DEUS, evitando assim dores para a sua alma.

Lembre-se de que a Bíblia Sagrada é a nossa única regra de fé e prática e tudo fora dela deve ser rejeitado, ainda que um anjo do céu nos diga o contrário.


Há poucos dias li em algum lugar e não me lembro onde que nunca aconteceram tantas conversões no Brasil como nos últimos anos, conversões porém, superficiais.

Quanto mais as pessoas se “convertem”, pior o Brasil se torna em termos de violência e corrupção. Aliás, tais flagelos sociais já fugiram do controle do governo. Esse quadro é preocupante.

Ele constata que o evangelho pregado hoje em muitos púlpitos não transforma pecadores em santos, revelando a crise de conversão que afeta uma boa parte da Igreja Evangélica.

Ao oferecer soluções de problemas em detrimento da mensagem salvífica, muitas igrejas evangélicas atraíram multidões que buscam apenas bênçãos materiais e passageiras.

Até o dízimo, muitas vezes, é dado por interesse e não por fé. O próprio Jesus verificou a mesma situação e reagiu com as seguintes palavras: “A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficam satisfeitos.

Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna” (João 6.26-27).

Assim, muitas pessoas que freqüentam as igrejas nunca tiveram um encontro de salvação com Deus através de Jesus Cristo, nunca nasceram de novo.

Não existe tragédia maior do que essa: o perdido achar que está salvo. Jesus mesmo disse que esse engano é possível de acordo com suas palavras em Mateus 7.21-23: “nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?

Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal”.

"Quando nós nos encontramos deficientes em sabedoria, não é porque a Palavra de Deus está faltando algumas páginas, mas, porque nós ainda não vimos tudo que há nas páginas que já temos.

Não é outro livro que precisamos, mas, mais atenção ao livro que já temos; não é mais conhecimento que requeremos, mas, visão para enxergar o que já temos revelado em Jesus Cristo."

- Eugene Peterson

domingo, 4 de julho de 2010

E agora, Jesus?

por Mary Schultze

Quando a Editora Universal ia lançar o meu livro “Viajando com Martinho Lutero”, a liderança da igreja enviou duas moças a Terê, para me entrevistar. Lembro-me que uma delas tocou o interfone e indagou: “É aí que mora a bispa Mary Schultze?” Não pude conter o riso e respondi que a “bispa”, não, mas uma serva do Senhor Jesus Cristo com o mesmo nome.

O que mais se vê nos dias de hoje é pastor (muitas vezes) semi-analfabeto na Bíblia e no vernáculo ostentando os autoconferidos títulos de bispo ou apóstolo, os quais também podem ter sido comprados nos States, depois dele ter contribuído com alguns milhares de dólares para um ministério pentecostal americano ou para uma igreja do tipo “avivado”. Recebi mais de um e-mail (in English), oferecendo títulos (a um preço módico) e deletei essas mensagens, indignada com tanto abuso praticado contra a Palavra de Deus.

Num artigo do Pr. Ricardo Gondim, publicado recentemente num site batista, li esta informação que muito me edificou:

[Na] Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã, das Edições Vida Nova, [lemos]: "O uso bíblico do termo "apóstolo" é quase inteiramente limitado ao NT, onde ocorre setenta e nove vezes; dez vezes nos evangelhos, vinte e oito em Atos, trinta e oito nas epístolas e três no Apocalipse. Nossa palavra em Português, é uma transliteração da palavra grega apóstolos, que é derivada de apostellein, enviar. Embora várias palavras com o significado de enviar sejam usadas no NT, expressando idéias como despachar, soltar, ou mandar embora, apostellein enfatiza os elementos da comissão – a autoridade de quem envia e a responsabilidade diante deste. Portanto, a rigor, um apóstolo é alguém enviado numa missão específica, na qual age com plena autoridade em favor de quem o enviou, e que presta contas a este".

Se alguém indagar a um desses profetas e apóstolos de araque se ele pode autenticar suas profecias e o seu apostolado pela Bíblia, o dito vai ficar tão engasgado como um romeiro cearense, tentando engolir rapadura com farinha, numa peregrinação a Juazeiro do Norte para cultuar o “Padim Ciço”. Certo penteca leu um texto meu em algum site, não observou que eu sou uma ferrenha inimiga do chamado Movimento dos Apóstolos e Profetas e me enviou um e-mail sugerindo, inocentemente, que eu me candidatasse ao apostolado, pois, segundo ele, tenho mais cacife para isso do que a apóstola (dos) Milhomens. Respondi que ainda não mereço o título porque sou “mulher de um homem só; não posso garantir que Jesus volte em 2011 para arrebatar os crentes e muito menos consigo subir a um púlpito para pregar a teologia da prosperidade, embasada na confissão positiva, visto como sou contra a mesma. Também não vivi alguns anos na África, onde alguns missionários ocidentais têm aprendido a fazer uma salada de ocultismo com cristianismo...

A nova moda de “semear” deve provir da África, onde o solo é tão ruim que os pobres africanos semeiam à beça e nunca podem colher coisa alguma. Daí que a fome continua grassando naquela desolada parte do planeta. Do mesmo modo, os tolos que acreditam nos pregadores da “semeadura” acabam ficando na pior, pois “semeiam” tanto nos bolsos desses “crocodilos religiosos” que ficam sem dinheiro para as compras da semana.

Domingo passado, a filha, o genro e os netos vieram para o lanche e ficaram para o culto vespertino. A filha sugeriu: “Mãe, não quero ir à PIBT esta noite, pois preciso me divertir um pouco. Tive uma semana trabalhosa demais, com quatro crianças para cuidar e uma obra em casa. Preciso relaxar”.

Tudo bem! Fomos à igreja mais próxima... Ali, depois de 40 minutos de muito barulho, gingados e uma piramidal coleta de dízimos (igreja enorme, lotada de gente bem intencionada), o pregador assumiu o púlpito para contar a respeito de sua recente estada em Miami e Los Angeles, onde pregou o evangelho em duas igrejas de língua portuguesa.

Ele usou tantas vezes a palavra “semeadura”, frisando o amor dos crentes brasileiros pelo evangelho (traduzido em forma de dízimos e ofertas) que senti um calafrio, mesmo estando bem agasalhada. O que pude deduzir da pregação do pastor é que contribuir é a maior prova de amor que um crente pode dar ao Senhor, pois com o dinheiro arrecadado, os ministérios crescem, as igrejas ficam lotadas e o pastor é “abençoado”. Mesmo porque, segundo os pregadores da prosperidade, o pastor precisa ser o membro mais abençoado da igreja, sendo esta a prova maior de que o Senhor está abençoando o seu ministério, a fim de, em seguida, poder abençoar os leigos que frequentam a sua igreja. Tendo em vista que os crentes do Primeiro Mundo são os mais “generosos” (embora dificilmente convertidos), esses “prósperos” pregadores buscam sempre esses países ricos. O pastor supra citado anunciou que em agosto irá a Portugal e à Suíça. Por que ele não vai à África, à Colômbia, ao Peru...?

A palavra “semeadura” é o “abre-te sésamo” para o enriquecimento eclesiástico pentecostal e “avivado”. Ao Brasil ela veio para ficar. Com ela, os “abençoados anjos da igreja” podem comprar mansões, carrões importados e até aviões, os quais serão usados em suas viagens “missionárias”, onde, conforme um deles afirmou: “Quanto mais lugares visitamos, mais doações se conseguem e, assim, vale a pena ter um avião, pois este aumenta a nossa chance de chegar a muitos lugares, para ganhar muitas almas para o Senhor”.

Pelo que entendo, ganhar almas para o Senhor tornou-se uma obra tão dispendiosa que somente os pregadores milionários estão conseguindo fazê-la!!! Só não entendo por que o Senhor Jesus Cristo não advertiu os Seus primeiros discípulos sobre este problema, quando decretou o “Ide”! É verdade que naquele tempo ainda não existia avião, mas, como para Deus não existe futuro, Ele bem poderia ter previsto e falado sobre esta “necessidade missionária”. Se eu fosse o Drummond de Andrade, iria indagar: “E agora, Jesus?”

Mary Schultze, 04/05//2010 – www.maryschultze.com