quarta-feira, 3 de junho de 2009

SERÁ QUE OS FARISEUS ESTAO EXTINTOS?


O texto da nossa exegese está em Mc 2:18- donde encontramos verdades relacionadas à prática do jejum, o texto está em uma parte do evangelho de Marcos (Mc 2: 1-3: 6) que contém narrativas que tratam da controvérsia de Jesus com os escribas e os fariseus.
Pode ser encontrado em dois outros evangelhos, Mt 9:14-17 e Lc 5:33-39, é importante sabermos o significado da palavra jejum e o que a prática do jejum representava nos tempos bíblicos.

A palavra jejum é originária do vocábulo hebraico “tsôm”, esse termo é freqüentemente associado a “pranto, luto e a mortificar-se” e no original grego “nêsteuo” que está associado a não comer e abster-se de comida. As formas e os propósitos do jejum eram numerosos, podendo ser praticado com abstinência total ou parcial de alimentos e estando geralmente ligado a orações.

Na lei mosaica conhece-se apenas um dia de jejum obrigatório para todos, e que se repetia anualmente, o dia de expiação. Porém, depois da destruição do reino de Judá (587 a.C.), foram determinados outros dias no ano para a prática do jejum. Acrescentados ao calendário nacional, no período pós-exílio, um dia de jejum nos meses quatro, quinto, sétimo e décimo (Zc 7: 3,5; 8:19), para relembrar esta catástrofe nacional.

Praticava-se em Israel como preparativo para uma comunhão plena com Deus (Êx 34:28; Dt 9:9; Dn 9:3).
Era praticado pelo indivíduo que se sentia oprimido (2 Sm12: 16-23; 1 Re 21: 27; Sl 35: 13; 64:10).
Era praticado pela nação quando em perigos iminentes de guerra e destruição (Jz 20:26; 2 Cr 20:3; Et 4:16; Jn 3: 4-10; Jz 4: 9-13),
durante uma praga de gafanhotos (Jl caps. 1 e 2), para trazer sucesso ao retorno dos exilados (Ed 8: 21-23), como rito de expiação (Ne 9: 1), e, finalmente, em conexção com o luto pelos mortos (Jr 14: 11-12).

Mais informações sobre a prática do jejum, ver R. Loird, Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (DITAT), (São Paulo: Editora Vida Nova, 1998), 1272, 1273.

Na época neotestamentária o conceito de jejum já havia sofrido uma despersonalização e esvaziamento, além dos líderes incluírem a depreciação física como poder efetivo para a devoção, (ascetismo, ou rigor ascetico) ou seja, o jejum passou a ser algo de cunho externo, diferente do objetivo ideal, humilhar-se diante de Deus.

Nos tempos de Cristo os judeus mais estritos jejuavam dois dias por semana. Os judeus piedosos costumavam jejuar todas as segundas e quintas-feira (ver Lucas 18: 12). Dados indicam que havia outros que costumavam jejuar com maior frequência ainda.

O nosso texto começa com o termo “Ora” (v. 18) que no grego é kai uma conjunção continuativa, isso implica dizer que a perícope anterior (vv. 13-17) merece ser analisada também para termos uma interpretação mais segura.

O seu contexto fala de um banquete que Levi Mateus havia dedicado a Jesus. Mateus trabalhava na coletoria, e havia recentemente recebido o chamado para servir ao evangelho, ou seja, ele era um ex-publicano (v. 14), por isso estava imensamente grato a seu Senhor. Jesus então não hesitou em aceitar o seu ato de gratidão.

Na festa em que Levi Mateus dedicou a Jesus havia um grande número de pessoas (v.15), muitos de reputação duvidosa, como por exemplo, seus antigos amigos publicanos.

O verso 16 mostra que os fariseus viram, o fato de Jesus estar em um banquete, uma oportunidade para acusá-Lo e causar uma divisão entre Ele e os Seus discípulos.

Jesus então da uma resposta aos Seus inquiridores (v. 17), diante disto os fariseus ficaram ainda mais decididos em acusá-Lo, foram então buscar apoio nos discípulos de João Batista.

Os discípulos de João estavam na época em grande aflição, o seu líder estava no cárcere (ver Mt 14:3). E por isso tinham razão para estarem jejuando.

Os fariseus estavam ao lado dos discípulos de João nas observâncias cerimoniais e nos rituais. Pois o verso afirma que havia duas classes de inquiridores, “os discípulos de João e o dos fariseu”’ e que a pergunta foi proferida por um outro grupo desconhecido, “alguns”. Já em Mt 9: 14 a declaração é clara, e indica os discípulos de João como sendo os inquiridores, o texto diz: “Vieram depois os discípulos de João”.

Aqui entramos no texto principal para estudo (vv. 18-22). De início o verso 18 apresenta aparentemente um problema sinótico. Mas este problema pode ser resolvido simplesmente observando a resposta que Jesus dá a eles (ver Mc 2:19), se bem que Ele responde com uma outra pergunta.

Na sociedade judaica, havia um método de estudar bastante usado entre eles, este tinha o objetivo de convidar o aluno a resolver por si mesmo algum problema, e quando o mestre era interpelado com uma pergunta ele respondia com mais uma pergunta ao problema que lhe fora apresentado.

Em Sua resposta, Jesus usa a figura do casamento, e o casamento era uma figura bem comum para os discípulos de João, porque quando João foi interrogado por seus discípulos a respeito do ministério de Cristo e o crescimento de Sua popularidade como sendo uma ameaça, ele havia usado também a figura do casamento, e se identificado como “amigo do noivo” (ver Jo 3: 29 e 30) e isso ainda era bem nítido aos seus discípulos.

Quando Jesus faz alusão ao casamento, Ele também expressa o nível de relacionamento Dele com os seus discípulos, Ele pergunta: “Podem, porventura jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles?” (v. 19). Referindose aos Seus discípulos Ele troca o termo “amigo do noivo” usado por João Batista, para “filhos do noivo”. Jesus intensifica o nível de relacionamento Dele com os Seus discípulos.

Dentre os amigos que eram convidados havia um que ficava responsável pela organização e atuava como mestre de cerimônia, este permanecia todo o tempo ao lado do noivo, regozijando-se também. O pedido de casamento e os arranjos necessários para a cerimônia eram feitos por este representante da família do noivo (para o casamento de Isaque, Eliezer, servo de Abraão, funcionou como o agente casamenteiro).
Nos dias do Novo Testamento, o “amigo do noivo” se ocupava desta função. O termo grego que é interpretado como “convidado” é huioi que pode ser traduzido por “filhos” sendo huioi tou numphonos “filhos do noivo”.

No grego temos duas palavras para filho, são elas: tecnón, que é aplicado para criança, filho – 1. literalmente vemos em Mt 7: 11; Mc 13: 12; Lc 1: 7; 15: 31; At 7: 5; 1 Co 7: 14; 2 Co 12: 14; Cl 3: 20; Ap 12: 4 e 5. , genericamente a descendente, posteridade vemos em Mt 2:18; 27: 25; At 2: 39; 13: 33; Rm 9: 8a. huioi. – No sentido usual é filho. Ver em Mt 1: 21; Mc 6: 3; Lc 15: 11; At 13: 21; Gl 4: 30. De alguém que é aceito ou adotado como filho ver em Jo 19: 26; At 7: 21.
Os convidados das duas partes eram chamados “filhos das bodas”.

O casamento era uma festa de muita alegria, e praticar o jejum em dias de festa de casamento seria algo ilógico.

Havia regras rabinas que dispensava os judeus de todos os deveres religiosos durante os período de festa de casamento, inclusive da
prática do jejum, isso para que a alegria na festa não fosse diminuída.


O Antigo Testamento freqüentemente utiliza o casamento como metáfora do relacionamento entre Deus (o noivo) e Israel (a noiva), ver Os 2: 21. No Novo Testamento, a imagem do Noivo é transferida para Cristo e a Noiva para a Igreja (Mt 9: 15; Jo 3: 29; 2 Co 11: 2; Ef 5: 23, 24, 32; Ap 19: 7; 21: 2, 9; 22: 17).

A questão é que os discípulos de Jesus não tinham motivos, razão, para jejuar. A presença de Jesus é tão importante que ela também pode dispensar os Seus discípulos da obrigação do jejum, o Noivo estava presente, o Líder estava em plena comunhão com eles, não era esse o tempo de jejuarem, mas Cristo também afirma (v. 20), pela primeira vez em forma pública, que quando o Noivo fosse “tirado”, mais de um ano antes, havia dito em particular a Nicodemos que seria levantado (Jo 3: 14).

Normalmente os convidados deixam o noivo após a festa, porém neste caso a festa seria interrompida, pois o Noivo seria tirado, o termo “tirado” implica uma remoção violenta, quando vissem Jesus morto se afligiriam e jejuariam, o termo grego para a palavra “tirado” é apartê que indica uma separação a força e penosa, aí sim seus discípulos teriam razão para jejuarem.

Quando Jesus afirmou que um dia seria tirado do convívio dos Seus discípulos, Ele assim estava se referindo à Sua morte na cruz, que também fazia parte da Sua missão e a Sua ressurreição como o término da angústia dos discípulos, a aflição dos discípulos de Cristo não duraria muito tempo, uma vez que seu Senhor ressuscitaria ao terceiro dia e a tristeza deles se converteria em alegria como nos diz Jo 16:19-20.

Os versos 21 e 22 inauguram a segunda parte da resposta de Cristo aos fariseus, atingindo o núcleo da questão levantada, o conflito entre o “novo” e o “velho”.

Jesus então faz uso de duas parábolas. Estas pequeninas parábolas manifestam ainda o mesmo sentimento de novidade absoluta trazida pelo reino de Deus. A conexão destas duas parábolas sem dúvida teve algo a ver com as muitas contrariedades de Jesus com as autoridades religiosas acerca das tradições ou "costumes de homens introduzidos como verdade".

As parábolas eram referentes a remendo novo costurado em vestes velhas (uma roupa velha que já perdeu a sua elasticidade ao receber um remendo de pano novo, uma vez sendo mais flexível, se rompe deixando a rutura ainda maior) e vinho novo posto em odres velhos.

O odre é um recipiente de couro, uma vez estando velho o couro endurece e fica sem elasticidade, e se rompe caso coloque dentro dele vinho sem ter passado pelo processo de fermentação.
A resposta de Jesus era oportuna, pois os discípulos de João observavam muitas das formas ritualísticas prescritas pelos rabis e esperavam mesmo serem justificados por elas, eles misturavam a mensagem de seu mestre Batista com o ritualismo dos fariseus, a mensagem de Jesus era revolucionária, não era uma mera reforma do judaísmo.

Assim Jesus adverte também a Seus discípulos para não mesclar a velha religião da salvação pelas obras pregada pelos fariseus, com o evangelho da salvação pela graça somente que Ele pregava.

Há duas verdades importantes na experiência de Cristo, quando interrogado no banquete da casa de Levi, que servem para nós hoje.

“O espírito do verdadeiro jejum e oração é o espírito que rende a Deus mente, coração e vontade”.

“Jejuar e orar quando imbuídos de um espírito de justificação própria, é uma abominação aos olhos de Deus”.

O verdadeiro jejum é um espírito de entrega e não de barganha com Deus.


A verdade é que Jesus mesmo estando em um banquete praticava em essência o verdadeiro jejum. Entendemos isso quando vemos a essência do jejum descrita em Is 58:6. O texto diz: “Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras das servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo.”

E Jesus estava entre pecadores pregando as boas novas de salvação (do pecado e da morte).

Não em ociosas lamentações, em simples humilhação do corpo e multidão de sacrifícios.

O verdadeiro espírito de devoção, mas revela-se na entrega do próprio eu em voluntário serviço para Deus e o homem”.

Como podemos ver, o jejum é considerado autêntico, quando praticado em espírito de entrega, assim fazendo estaremos mais receptivos para receber as bênçãos gratuitas de Deus.

Não devemos fazer do jejum um ato meritório, ou seja, para alcançar os favores de Deus, isso é mesclar as boas novas do evangelho com o formalismo do judaísmo antigo.
"Muitos fazem da religião um negócio. Vão à igreja para obterem proteção que os livre do sofrimento. Na sua concepção, Deus é um grão-senhor a quem se adula para conseguir graças. Toma lá, dá cá."
(E. Percy Ellis)

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6 comentários:

  1. Como detectar um fariseu (Mateus 23):

    1-Não praticam aquilo que pregam

    2-São exibicionistas

    3-Apreciam posições, honras e títulos

    4-Não entram nem deixam as pessoas entrarem no reino dos céus.

    5-São gananciosos e aproveitadores

    6-Levam o povo a seguir cegamente as tradições humanas em vez de obedecer à palavra de Deus

    7-Prendem-se a detalhes mínimos e desprezam o mais importante: justiça, misericórdia e fé.

    8-Mantem aparência religiosa, mas interiormente são corrompidos.

    Um grande abraço Gilson


    Cristiano

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  2. Cristiano, como os fariseus do passado, eles cultuam e adoram mais os dogmas, regras humanas e a instituição do que a Deus. O pior, levam milhões para o erro, ou seja, fazem prosélitos mais dignos do inferno do que eles proprios.
    So a Graça de Deus nos basta.

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  3. Ja fui, otimo blog, excelente conteúdo.
    Pau nos hereges, sem do.

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  4. Claro que existem fariseus. Eles recuperaram a terra deles. Os textos do novo testamento só foram escritos muitos anos mais tarde, e os escritores estavam a serviço dos romanos. Existe até a suspeita de que o texto original, antes das manipulações, pelos pais da igreja católica, seja de Apion. Era uma sátira sobre os libertadores judeus. Como ele era ferrenho inimigo do partido dos fariseus, tratou de difama-los. Deixa esse povo em paz. Ninguem tem nada a ver com sua história.

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  5. Ao que parece houve um péssimo entendimento quanto ao conteúdo do post, que alias não é de minha autoria, mas expressa o meu entendimento do assunto. Aqui não são julgadas pessoas, ou grupos, e sim o seu comportamento anti-Deus ou contra a vontade expressa de Deus em sua palavra.
    Parece-me também que so você tem informações (ocultas) que ninguém mais conhece (secretas, particulares, de aspecto duvidoso) e publicadas em alguns sites que atacam o cristianismo, julgando todos como farinha do mesmo saco. A prova que isto não é verdade (que não somos todos bitolados ou heréticos) é justamente as publicações de artigos que contrariam a natureza do pensamento de vários lideres modernos, que conduzem o rebanho para o matadouro ou para a perdição.
    Quanto a manipulação dos textos do NT. você viajou, nadou feio na maionese. Um texto manipulado conteria dados tão exatos? Mostraria a mudança tão radical e maravilhosa de um dos maiores fariseus da época, Paulo, que se torna um dos maiores, se não o maior dos escritores desse NT. Que na sua opinião foi manipulado.
    Fica difícil. Procure informações confiáveis de fontes confiáveis. Tenha discernimento. Rebeldia por rebeldia é estupidez.
    Meu lema é contestar e ate discordar mas sem ir contra a verdade.
    E conhecereis a verdade, e ela vos libertara.
    Nada podemos contra a verdade a não ser pela (em favor) verdade.

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  6. A crítica, é claro, é sobre o texto. Um comportamento anti-qualquer coisa é sempre um tipo de julgamento. Ainda mais anti-deus; fica mais obscuro ainda. Deus de onde? De qual cultura? Informações só podem ser obtidas pesquisando. Depois as ajunta e forma uma opinião. E a minha vale tanto como a sua. O que a história diz? Que no inicio do movimento só havia o manual da disciplina do Mestre da retidão. Documento de Qumram. Que os fariseus lutaram ferozmente pela libertação. Ou seja, não eram religiosos alienados. Que muitas das críticas sobre eles mesmos, feitas nos evangelhos, já constavam nos escritos de Hilel, Shamai e outros. Que os textos do novo testamento trazem milagres documentados por outros antes dele. Milagres de Vespasiano, Ben Dosa, Horus e de outra culturas. Que quando apareceram os primeiros textos, a guerra pela libertação movida pelo partido dos fariseus, era feroz. Os dados exatos fica por sua conta. É seu direito pensar assim. Eu penso que não, e os que leem, escolhem. Tudo que se sabe sobre Paulo, esta contido nos textos e na tradição católica. Nada mais. Nenhum escritor da época, fala sobre ele. Se ele era fariseu estrito, doutor, aluno de Gamliel, morou em Jerusalém, não sei. Só sei, pelo que esta escrito, que ele não conheceu o sumo-sacerdote, que deveria ser colega dele. O povo dele não reconhece suas ideias, muito menos eu. Uns até dizem que ele nem existiu. Quem quizer se casar e viver como se não tivesse esposa, que vá em frente. Escrevi apenas, porque achei que as injurias sobre os fariseus são fruto de pouca meditação; de ser manipulado pelos pais da igeja católica romana incial. Só falta iniciar suas orações em nome de Atom, Horus e de Rá; de aderir ao culto de Cybele. Esta é a igreja dos textos, do cristianismo romano. Agora, faça sua crítica. A verdade é compostas de varias verdades.

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